O delegado André Davi, da Polícia Civil de Sergipe, foi um dos convidados da Audiência Pública que ocorreu na Câmara dos Deputados que teve como objetivo debater a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto às restrições a operações policiais no Rio de Janeiro e a intensificação do treinamento tático de traficantes naquele estado. A audiência pública ocorreu de forma híbrida nessa quarta-feira (21).
O encontro foi promovido a partir do requerimento nº 47/2022, de autoria dos deputados sargento Fahur (PSD/PR) e delegado Pablo (União/AM).
André Davi destacou em sua participação um caso que envolveu a busca por um traficante de drogas de Sergipe no Rio de Janeiro. O delegado mencionou ainda que a ação policial para a prisão do traficante sergipano teve que ocorrer sem o apoio das forças de segurança pública do Rio de Janeiro, apenas com a equipe de três policiais de Sergipe.
“Quando assumimos o Denarc, uma de nossas metas era capturar um dos maiores traficantes do estado que, segundo a inteligência sergipana, estava homiziado na Rocinha, no RJ. Em conversa com o Bope, fomos muito bem recebidos, mas a instituição nos alertou que não era possível fazer essa incursão em virtude dessa decisão do STF. Como já estávamos lá, tivemos que prender o traficante em um ambiente hostil à polícia”, relembrou.
André Davi também ressaltou que diversos outros criminosos seguem a mesma lógica do traficante sergipano preso no RJ, que revelou ter pago uma quantia para se esconder na comunidade carioca. Ele considerou a decisão do STF como um mecanismo que acaba fortalecendo o crime organizado no país.
“Essa decisão é teratológica e totalmente incongruente e que vai de encontro a nossa realidade, favorecendo ao crime organizado de todo o país. E, creio eu, que também de forma internacional. Se a polícia do Rio de Janeiro pudesse nos apoiar como queria, os policiais não correriam o risco de morte que correram. O risco que nós corremos foi desnecessário”, finalizou.