A cada cinco segundos uma empresa de comércio eletrônico brasileira é alvo de algum tipo de golpe. Os dados são de um estudo da Konduto, especializada em segurança-online. Ou seja, os crimes na internet têm se tornado cada vez mais comuns: segundo o Banco Central, apenas no setor bancário foi registrado um aumento de cerca de 300% das queixas sobre a quebra de sigilo e a segurança dos canais de acesso pela web.
O fácil acesso à informação e a praticidade de resolver pendências em qualquer lugar são apenas alguns dos inúmeros pontos positivos oferecidos pela internet. Porém, o ambiente digital também tem se tornado um local onde as fraudes se proliferam. Assim como em diversos setores da sociedade, no mundo dos negócios há pessoas mal intencionadas que dão golpes em busca de benefícios próprios e de retorno financeiro fácil.
Segundo especialistas, os golpistas usam sempre os mesmos truques para se aproveitar das pessoas. E não são apenas os indivíduos com pouca instrução ou menos inteligentes que estão mais vulneráveis aos golpistas. Mas, afinal, por que caímos em golpes? De acordo com David Modic, acadêmico da Universidade de Cambridge e um estudioso da psicologia por trás dos golpes de internet, algumas características são comuns nas vítimas, como a falta de autocontrole, a confiança na autoridade e o desejo de ser amigável.
Os golpes virtuais mais comuns: desfalques financeiros
Em fevereiro, logo depois do acordo entre bancos e poupadores para o pagamento das perdas financeiras causadas pelos planos econômicos, as tentativas de golpe se intensificaram. Os golpistas entravam em contato com as vítimas e informavam que elas tinham direito a receber R$ 5 mil – para ter acesso à quantia, era preciso fornecer seus dados bancários e pessoais, bem como o pagamento de honorários.
A prática lesava duplamente as vítimas, pois, ao fornecerem seus dados, podiam motivar novas fraudes, além das perdas com honorários falsos. Especialistas aconselham que aqueles que receberem esse tipo de ligação não forneçam nenhum dado, pois a indenização só será devida a quem aderiu ao acordo com a instituição bancária.
Saque de valores com supostos benefícios pessoais
Aproveitando a forte adesão dos brasileiros ao WhatsApp, uma mensagem bombou no aplicativo e nas redes sociais no início deste ano. Prometendo valores de R$ 1.760 para quem comprovasse vínculo de trabalho entre os anos de 1998 e 2016, o golpe usava um link como isca para obter dados pessoais das vítimas e prometia que os saques poderiam ser realizados na Caixa Econômica Federal.
Em resposta, a instituição afirmou que não envia mensagens sobre saques de benefícios sociais, somente mensagens SMS nos casos em que há solicitação do cliente, como alertas de movimentação financeira que iniciam sempre com “CAIXA INFORMA”. O banco reforçou também que suas mensagens de SMS nunca são enviadas com links.
Golpe da vaga falsa
Ainda nos aplicativos de mensagens e nas redes sociais, foram divulgados falsos anúncios de vaga nos Correios e nas lojas Cacau Show. As mensagens tentavam se aproveitar da crise econômica, com 12 milhões de desempregados, para obter os dados pessoais de quem caía na armadilha. As propostas enganosas levavam os interessados a links que solicitavam suas informações pessoais. Em seguida, eles eram direcionados a uma nova página e orientados a compartilhar o anúncio com mais dez amigos ou grupos para que sua inscrição fosse efetivada no aplicativo.
Mais de um milhão de pessoas clicaram na armadilha em vinte e quatro horas, segundo a consultoria PSafe. Os Correios anunciaram que o anúncio era falso e que não compartilham dados de contratação por mensagens em aplicativos, e que os concursos públicos, quando abertos, são divulgados na sua página oficial e no Diário Oficial da União.
Como evitar os golpes na internet?
De acordo com o pesquisador sobre segurança e privacidade na Universidade de Cambridge, David Modic, que conduziu uma pesquisa que verificou a personalidade das vítimas, há várias características em comum que são percebidas pelos golpistas há tempos. Ao notarem sua vulnerabilidade, fica mais fácil atingir seus pontos fracos, mesmo pela web.
Nos golpes presenciais, entre as técnicas de convencimento das vítimas, está fingir que há um conhecido em comum ou o uso do papel da autoridade, como médico, advogado ou até pastor de igreja. Na internet, essa estratégia é usada como referência no papel do remetente da mensagem: quando são amigos de confiança, as pessoas tendem a acreditar e propagar mais o que é recebido. Por isso, a importância de checar a fonte das informações antes de repassá-las e de não clicar em links suspeitos, principalmente em mensagens como correntes, enviadas a diversos contatos ao mesmo tempo.
Entre os princípios estudados por Modic estão os mecanismos de convencimento usados pelos golpistas: o do tempo, por exemplo, busca convencer as vítimas a agirem rápido. Vagas de emprego ou ofertas imperdíveis que utilizam datas limites para que as pessoas cliquem “antes que seja tarde demais” com promessas de ganhos ilusórias devem ser vistas com suspeita, assim como promoções ou descontos que solicitem os dados pessoais ou pagamentos de honorários dos usuários como contrapartida. Isso porque o princípio do tempo coloca pressão para que a vítima não consiga raciocinar com lógica a tempo de perceber o golpe.
Outro princípio analisado pelos especialistas é o do desejo, pois os golpistas notam o que as pessoas querem e usam isso a seu favor. Em busca de relacionamento, as vítimas são atraídas por fotos de homens ou mulheres atraentes e acabam sendo fraudadas com golpes financeiros. Por isso, cuidado e atenção extra são essenciais durante as trocas e envios de informações pessoais para evitar os golpes na internet. Uma boa alternativa para saber mais informações sobre o assunto é ler a cartilha Golpes pela internet, elaborada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Por Agência Agência Emarket.