Extrair informações de dispositivos eletrônicos como celulares, computadores e tablets é uma das principais estratégias para identificar crimes e materializar as provas necessárias à apuração policial. Os exames periciais podem ser feitos mesmo em aparelhos danificados, o que amplia as chances de constatar ações criminosas a partir das análises feitas pelos peritos criminais.
Em Sergipe, foram mais de 2,3 mil objetos examinados em torno de análises em dispositivos eletrônicos periciados até 30 de novembro deste ano, conforme dados da Polícia Científica.
De acordo com o levantamento da Seção de Computação Forense e Audiovisual do Instituto de Criminalística (IC), unidade vinculada à Polícia Científica e responsável pelos exames periciais em dispositivos eletrônicos em Sergipe, do início de janeiro ao último dia de novembro de 2023, foram 2.305 objetos examinados em torno de exames em dispositivos eletrônicos. Os exames resultaram na emissão de 709 laudos.
Já no recorte de 2021 e 2022, os dois anos completos representaram 4.206 objetos examinados no que se refere aos exames feitos em dispositivos eletrônicos pelo IC. Durante todo o ano de 2021, foram examinados 1.936 objetos, o que resultou na emissão de 508 laudos periciais. Em 2022, foram 2.270 objetos examinados, resultando na emissão de 931 laudos periciais que auxiliaram as investigações feitas pela Polícia Civil.
Para entender como a extração de informações em celulares e computadores podem auxiliar as investigações da Polícia Civil, o perito criminal Jorge Barreto, do IC, explicou o que são exames periciais em dispositivos eletrônicos. “[Esses exames] consistem na extração da memória do dispositivo para que o perito possa trabalhar em cima desses dados”, revelou.
Essa extração de informações em dispositivos eletrônicos leva em consideração que a movimentação humana em dispositivos eletrônicos deixam marcas que vão além de impressões digitais. “As informações das pessoas estão inseridas nesses dispositivos. São dados como informações de geolocalização, fotografias, vídeo, mensagens trocadas e registros de ligação”, especificou Jorge Barreto.
Com a extração dessas informações pelo IC, que integra a Polícia Científica em Sergipe, há elementos que são utilizados como arcabouço probatório nas apurações que são conduzidas pela Polícia Civil. “Nosso trabalho é analisar o que é pedido pela autoridade policial, procurar e vasculhar esse conteúdo de memória, para tentar materializar isso no laudo, que é o produto final do nosso trabalho”, explicou o perito criminal.
Mesmo em situações nas quais os dispositivos eletrônicos estejam danificados ou apresentando defeitos – como na tela, por exemplo – , ainda é possível extrair informações úteis às investigações. “Existem algumas técnicas que possibilitam acesso à memória desse tipo de aparelho, onde nós extraímos o chip de memória e colocamos em outro equipamento que vai permitir a leitura desses dados”, concluiu Jorge Barreto, do IC.
Principais tipos de análises
Com o mapeamento feito pela Seção de Computação Forense e Audiovisual do IC, a Polícia Científica também identificou que, em 2023, dos 2.305 exames periciais feitos em dispositivos eletrônicos, 48% foram referentes à análise de conteúdo de mídia, 19% fruto de análises de mídias de armazenamento, e 18% decorrentes de exames feitos em smartphones e tablets.